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Em tempo: o Lulu com a Stratas ( Teresa), dirigida por Pierre Boulez, é de matar de inveja a galinha sefaradita Maria Ewig ( que nos deu uma Salomé com transtorno bipolar e fogo no absinto, encenada por Peter Hall). Deve existir algum vírus responsável pela coloratura, esta arte de volutas incandescentes, de miomas em fá. A coloratura é um cataclisma do útero; sues abalos sísmicos são os peidos da Eternidade ( bem, do Eterno feminino ao menos, tara demodé), se esta se desse ao luxo de exercitar-se ainda em linguagem, em se exprimir. Mas ela já não precisa falar/peidar ( a oposição é psicanalítica e trágica também, a impossível resolução se situa em algum ponto entre uma litania cantada por Om Kalsoum e um disco de Bach, girando indefinidamente sobre o contraponto da dissolução, numa tarde em Treblinka). Não, a Eternidade não nos dá o ar de sua graça, e quando se digna a tal, já não há testemunhas para o seu esplendor. E se houvesse espectadores para esta noite de gala, seríamos nós a noite, enfim engalanados pelo manto espesso do Oblivium: fulminação.
O link para download abaixo:
http://www.avaxhome.ws/music/classical/DG463617_Lulu.html