domingo, 20 de dezembro de 2009

Spinto em exílio




Teresa Stratas ( a spinto cadente) gravou um disco de árias vagabundas de Kurt Weill. Não exatamente árias: valsas, cançonetas, Clairs de lune. Graças a Odin, nada brechtiano: a precisão e a percussiva parataxe atonal das canções de Brechet by Weill cede lugar aqui a encenações em si bémol; de certa forma, igualmente enformadas por um Gestus harmônico, um indicar uma ação dramática, e não exatamente mimetizá-la; mas de outra maneira: são comentários ( como em Brecht) sobre momentos elegíacos, e geralmente de um elegíaco fanado e pourrri, que mataria de pudor a minha devastadora (e devastada) amada Fréhel.


São vulgarmente insossas, petulantes, sincopadamente mirradas, floreios-chanchada, soturnamente impotentes, enfim: burlescas. é um pastiche, e como todo pastiche, é credor do que nega: há uma melancolia de exilado nessas canções que sugerem um outonal club de Basie e heroína concentrada em Nova York e os parques à beira do Sena, frequentados pelos dandys frígidos pós-68 de Garrel e Eustache.